quinta-feira, 18 de setembro de 2014

vistas com sossego dentro


com saudades das rosas que deixei na aldeia



AS ROSAS

Quando à noite desfolho e trinco as rosas
É como se prendesse entre os meus dentes
Todo o luar das noites transparentes,
Todo o fulgor das tardes luminosas,
O vento bailador das Primaveras,
A doçura amarga dos poentes,
E a exaltação de todas as esperas.





in Dia do Mar, 1947
SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN

Guerra Junqueiro nasceu a 15 de Setembro de 1850 em Freixo de Espada À Cinta


Guerra Junqueiro,

alto funcionário administrativo,
político, deputado, jornalista,
escritor e poeta português (m. 1923).




O Primeiro Filho(Carta ao amigo Bernardo Pindela)

Entre tanta miséria e tantas coisas vis
Deste vil grão de areia,
Ainda tenho o condão de me sentir feliz
Com a ventura alheia.

À minha noite triste, à noite tormentosa,
Onde busco a verdade,
Chegou com asas d'oiro a canção cor-de-rosa
Da tua felicidade.

És pai, viste nascer um fragmento d'aurora
Da tua alma, de ti...
Oh, momento divino em que o sorriso chora,
E em que o pranto sorri!

Que ventura radiante! oh que ventura infinda!
Olímpicos amores
Ter frutos em Abril com o vergel ainda
Carregado de flores!

Deslumbramento!... ver num berço o teu futuro
Sorrindo ao teu presente!...
Ter a mulher e a mãe: juntar o beijo puro
Com o beijo inocente!...

Eu que vou, javali de flanco ensanguentado,
Pelos rudes caminhos
Ajoelho quando escuto à beira dum valado
Os murmúrios dos ninhos!

Em tudo que alvorece há um sorriso d'esperança,
Candura imaculada!...
E quer seja na flor, quer seja na criança
Sente-se a madrugada.

Quando, como um aroma, o hálito da infância
Passa nos lábios meus
Vejo distintamente encurtar-se a distância
Entre a minh'alma e Deus.

A mão para apontar o azul, mão cor-de-rosa
Que aconselha e domina,
Será tanto mais forte e tanto mais bondosa
Quanto mais pequenina.

Guerra Junqueiro, in 'Poesias Dispersas'

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

fim do verão


com as trovoadas de Setembro
sentiu-se novamente o cheiro da terra molhada
o ar mais leve
cachos de uvas lavados nas ramadas das videiras
 as romãs a tomarem cor e pintam os piri piris

os ouriços lindos incham e brilham no seu ainda verde quase dourado
e as minhas rosas continuam a dar botões novos...
num dia desabrocham
no outro resplandecem as matizes de cor do amarelo ao vermelho
ou simplesmente desenvolvem tons de vermelho que parece veludo...
e repouso o olhar para
a seguir inventar pintando



terça-feira, 22 de julho de 2014

mais autores que venho lendo ...

MIA COUTO - vinte e zinco , cada homem é uma raça , a varanda de frangipani , jesusalém , ...

PEPETELA - o quase fim do mundo , o tímido e as mulheres

Aprender aprender sempre, dizia Lénine! e eu em cada nova leitura ou releitura que faço de algumas das obras destes autores sinto a imensidão de contradições que cada ser humano tem dentro de si!
a ambição, o desejo de poder, a corrupção, a prepotência, os medos íntimos...
ter um chefe que lhe satisfaça as necessidades, de preferência sem ter de lutar e muito menos pensar...
solidariedade, fraternidade? com quem?
Igualdade de direitos e de oportunidades? construídos como? por quem?


segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

sábado, 11 de janeiro de 2014

abaixo os chefes



ABAIXO OS CHEFES IMPOSTOS!

Chefes escolhidos por minorias
Que nem sequer me ouvem!
A chefe de mim sou eu!
Sou eu que crio,
Trabalho,
Produzo!

Sem criadores, produtores ou trabalhadores
O que chefiam os chefes?
A vaidade do título ou sub título?
O gabinete e o lugar?

o chefe



O chefe manda!
É chefe de equipa
e
 manda!
 E a equipa que faz?
 Obedece?
Ou participa nas tomadas de decisões e cumpre-as?

 Obedecem! E queixam-se … Ele manda!
Obedecem e vitimizam se…
Não está bem, mas que fazer? Ele manda!
O chefe
Tem um conselho consultivo!
 Mas
 Para que serve este?
Ouvir os conselheiros?
Discutir problemas?
 Refletir sobre propostas e projetos?

 Não!
O chefe dá as ordens
 Os conselheiros tomam nota
 Encaminham as ordens
 E ai de quem
 Não saiba
 Quem bem manda!



 E os outros?

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

o diretor manda, parte I


Tal como no espelho de um filme
Vemos as imagens da opressão e  da ditadura
A surgir de mansinho
Substituindo
A democracia e a livre participação!

Tal como no espelho de um filme
Vemos desaparecer o capital mais precioso de uma sociedade
A juventude!

Reinventam-se poderes
Feiras de vaidades e caridade,
 Taxa-se mais quem trabalha
Inebriando o povo com
circos de falsos heróis!