sábado, 3 de agosto de 2013

Uma casa com vista para o parque I


Helena não queria voltar para aquela cidade, nem para aquela casa onde tanto a tinham reprimido e sufocado… Era a casa da sua infância, onde sonhou ser cientista, lutar pela igualdade de direitos e de oportunidades, poder comunicar livremente, mas também a casa onde só tinha obrigações, o tempo super controlado e nem tinha espaço para si mesma…
Voltou com a casa em remodelação, com uma decoração que não era a sua, com móveis de que não gostava, mas não havia outros e as suas escolhas estavam muito limitadas ou eram impossíveis…
Ofereceram-lhe a possibilidade de habitar a casa e apesar do passado lhe estar a pesar, aceitou. A casa era grande, tinha bastantes espaços para os filhos todos… e parecia ser uma boa solução, estava bem localizada, perto das escolas dos transportes dos infantários…, lugar calmo arborizado e com boa vizinhança…
Só não sabia, que os pretextos da oferta, não eram bem verdadeiros…
Fizeram-lhe a proposta não, para poder estar mais perto dos pais e da possibilidade de reatar uma atividade, que já tinha feito anteriormente e na qual tinha tido algum sucesso, não, não foi por isso, foi apenas porque a mãe que tinha praticamente tido e criado ali os seus muitos filhos, não queria que a casa ficasse para estranhos, alguém que não fosse um filho ou filha.
Ora aconteceu, que o regime da renda foi modificado e o seu valor muito aumentado e a filha que decorou a casa e a usava deixou de estar interessada.
Muitas desculpas foram dadas, muitas mentiras inventadas e as obras que eram para ser oferecidas tiveram de ser pagas pelo marido de Helena. O problema das rendas foi para tribunal e valeram a Helena os amigos, não a família…

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Bibliotecas Escolares - Incentivo à leitura



http://vimeo.com/70136527

Luis Sepúlveda


E então Marianada o carteiro chega e dá-me a capa de um livro novo que estará nas livrarias em dezembro. É hora de um verão vermelho.


Que razões levam um professor a ser diretor de escolas?

Neste momento das nossas vidas
E no estado em que a sociedade vive
O que move um professor
Para ser diretor?

Como diretor estará certamente
Quase sem autonomia
Entre as imposições governamentais
E a gestão administrativa e pedagógica
Da comunidade escolar …

Estará dentro da linha do programa governamental?
Ou procurará lutando
Criar os melhores ambientes pedagógicos de aprendizagem?
Apoiará mais quem trabalha em projetos inovadores?
Ou quem faz o seu horário certinho, cumprindo a quadrícula?

Quererá apenas ter poder pelo poder?
Ou procurará decidir e organizar a gestão das aprendizagens
Ouvindo, debatendo e valorizando
os contributos que evidenciaram
promover mais sucesso
e envolvimento da comunidade escolar?

Na sua “carta de intenções”
Estará defender aprendizagens de sucesso
Para todos?
Ou vários escalões de aprendizagem?
Valorizará aprendizagens formatadas por gavetas
Ou aprendizagens críticas, plurifacetas e interligadas?

Estas questões levantam-se-me
Porque, ao longo da minha carreira docente
Sempre lutei por “um ensino público de qualidade”
 E a esta frase que já parece um chavão
Atribuo o sentido de formar jovens
Capazes de interligar saberes, criticar
Participar e desenvolver a sociedade…

Para mim
É indispensável
Que os jovens que saem das nossas escolas
Sejam capazes de muito mais que sobreviver
E se tornem em adultos críticos, participativos
Que incrementem a cultura e os saberes.

Será que o professor ou professora
Que vai para diretor ou diretora
Também pensa assim?

Tina Gregório