sábado, 3 de agosto de 2013

Uma casa com vista para o parque I


Helena não queria voltar para aquela cidade, nem para aquela casa onde tanto a tinham reprimido e sufocado… Era a casa da sua infância, onde sonhou ser cientista, lutar pela igualdade de direitos e de oportunidades, poder comunicar livremente, mas também a casa onde só tinha obrigações, o tempo super controlado e nem tinha espaço para si mesma…
Voltou com a casa em remodelação, com uma decoração que não era a sua, com móveis de que não gostava, mas não havia outros e as suas escolhas estavam muito limitadas ou eram impossíveis…
Ofereceram-lhe a possibilidade de habitar a casa e apesar do passado lhe estar a pesar, aceitou. A casa era grande, tinha bastantes espaços para os filhos todos… e parecia ser uma boa solução, estava bem localizada, perto das escolas dos transportes dos infantários…, lugar calmo arborizado e com boa vizinhança…
Só não sabia, que os pretextos da oferta, não eram bem verdadeiros…
Fizeram-lhe a proposta não, para poder estar mais perto dos pais e da possibilidade de reatar uma atividade, que já tinha feito anteriormente e na qual tinha tido algum sucesso, não, não foi por isso, foi apenas porque a mãe que tinha praticamente tido e criado ali os seus muitos filhos, não queria que a casa ficasse para estranhos, alguém que não fosse um filho ou filha.
Ora aconteceu, que o regime da renda foi modificado e o seu valor muito aumentado e a filha que decorou a casa e a usava deixou de estar interessada.
Muitas desculpas foram dadas, muitas mentiras inventadas e as obras que eram para ser oferecidas tiveram de ser pagas pelo marido de Helena. O problema das rendas foi para tribunal e valeram a Helena os amigos, não a família…

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