Helena não queria voltar
para aquela cidade, nem para aquela casa onde tanto a tinham reprimido e
sufocado… Era a casa da sua infância, onde sonhou ser cientista, lutar pela
igualdade de direitos e de oportunidades, poder comunicar livremente, mas
também a casa onde só tinha obrigações, o tempo super controlado e nem tinha
espaço para si mesma…
Voltou com a casa em
remodelação, com uma decoração que não era a sua, com móveis de que não gostava,
mas não havia outros e as suas escolhas estavam muito limitadas ou eram
impossíveis…
Ofereceram-lhe a
possibilidade de habitar a casa e apesar do passado lhe estar a pesar, aceitou.
A casa era grande, tinha bastantes espaços para os filhos todos… e parecia ser
uma boa solução, estava bem localizada, perto das escolas dos transportes dos
infantários…, lugar calmo arborizado e com boa vizinhança…
Só não sabia, que os
pretextos da oferta, não eram bem verdadeiros…
Fizeram-lhe a proposta não,
para poder estar mais perto dos pais e da possibilidade de reatar uma atividade,
que já tinha feito anteriormente e na qual tinha tido algum sucesso, não, não
foi por isso, foi apenas porque a mãe que tinha praticamente tido e criado ali
os seus muitos filhos, não queria que a casa ficasse para estranhos, alguém que
não fosse um filho ou filha.
Ora aconteceu, que o regime
da renda foi modificado e o seu valor muito aumentado e a filha que decorou a
casa e a usava deixou de estar interessada.
Muitas desculpas foram
dadas, muitas mentiras inventadas e as obras que eram para ser oferecidas
tiveram de ser pagas pelo marido de Helena. O problema das rendas foi para
tribunal e valeram a Helena os amigos, não a família…

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